"Eu tive de voltar a usar o véu”

A tensão no país, cada vez mais agravante, define a vida diária dos iraquianos: a cadeia de violência parece não terminar nunca e a segurança é instável na maioria das cidades. Sob esse mesmo contexto, ataques direcionados especificamente aos cristãos e a contínua pressão do Islã na sociedade sobrecarrega os servos do Senhor com uma luta extra: a luta pela existência do cristianismo no Iraque

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"Nós estamos acostumados ao som de bombas explodindo. Na semana passada, uma série de bombas explodiu em nossa cidade: provocou dezenas de mortos e feridos. Nossa casa inteira balançou por causa das explosões”, compartilhou um jovem cristão, de 22 anos, de Kirkuk. “Os acontecimentos sangrentos que vemos no noticiário estão acontecendo bem em nossa porta; isso é o que conhecemos da vida", diz ele. Enquanto muitos cidadãos iraquianos já sofrem o bastante com tamanha brutalidade; cristãos iraquianos sofrem ainda mais: no topo da violência em geral, eles são alvos de extremistas islâmicos que querem obrigá-los a deixar o país. 
Recentemente, o ministro do Meio Ambiente sobreviveu a um atentado à bomba, supostamente dirigido a ele por causa de sua fé cristã. E, como ele, muitos cristãos, inclusive da família do jovem de Kirkuk, recebem ameaças de extremistas islâmicos, mandando-os sair da cidade: "Minhas duas irmãs já abandonaram nossa casa por causa dessas ameaças e, tão logo, eu espero poder escapar também”, enfatiza ele.
Óculos de sol são proibidos
Um líder cristão afirmou na televisão, mês passado, que dois terços dos membros de sua igreja fugiram do Iraque, desde 2003. A cada ano, mais e mais cristãos deixam o país por conta da violência; eles procuram um lugar onde possam praticar sua fé em liberdade.

Da mesma maneira, a pressão para que o islamismo seja internalizado na sociedade é crescente: "Eu comecei a usar o véu novamente”, afimou uma mulher cristã de Mosul. "Desde o início da guerra eu já o usava, mas, alguns anos atrás, eu pensei que não teria problemas não vestí-lo mais”, ela explica. Porém, a cristã estava errada. Funcionária em um aeroporto, ela foi informada, através de seu irmão, que "era melhor para ela usar o véu de novo e parar de usar os óculos de sol”. Assim, ela voltou a colocar seu véu todos os dias. Triste, ela admite: “Agora, eu uso meus óculos de sol somente quando dirigo ou sinto meus olhos arderem por causa do sol . Eu só posso usá-los por um curto período de tempo; sempre que os coloco, preciso tirá-los tão rápido quanto possível."

Igrejas à venda
Cristãos iraquianos pedem por contínuas orações, para que Deus os fortaleça e capacite; muitos irmãos choram a perda de amigos em ataques à bomba. A continuação da violência e do êxodo de cristãos deixa os restantes com uma tarefa ainda mais difícil: lutar pela continuação do cristianismo no Iraque.

A estimativa é de que 350 mil cristãos já deixaram o país. Algumas igrejas começaram a vender os seus bens, pois grande parte de sua congregação fugiu do país. Alguns cristãos temem que a história do cristianismo no Iraque, que teve início no primeiro século depois de Cristo, em breve chegue ao fim. Líderes pedem que os cristãos se agarrem às suas terras e não saiam do seu lugar: "Esta terra é a bênção de nossos pais e avós, ninguém deve abandoná-la. Precisamos continuar firmes!", incentivam eles.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoAna Luíza Vastag

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