Igreja de Garissa, no Quênia, permanece lutando


Há pouco menos de um ano, a Igreja do Interior da África (AIC, sigla em inglês) foi atacada por extremistas islâmicos. O incidente, que ocorreu em 1º de julho de 2012, matou 17 pessoas e dezenas de fiéis ficaram feridos. Recentemente, a Portas Abertas Internacional teve contato com os cristãos que ainda vivem em Garissa
"Eu estou bem agora!", afirmou Lydia Ndavi, quando um colaborador da Portas Abertas quis saber como ela tem estado. "Às vezes, sinto muita dor em toda a perna que foi baleada, fora isso, estou indo bem e tenho permanecido firme com Jesus. Mas, para ser honesta, eu deixo de ir a alguns cultos aos domingos por medo. Ao ouvir rumores de outro ataque, fico atemorizada. Nas duas últimas semanas não fui à igreja por causa disso. " 

Quando perguntada se ainda sofre com ataques de pânico durante a noite, Lydia respondeu: "Eu tenho dormido bem e, ultimamente, não acordo ao menor ruído, como antes. O único problema é a preocupação e o temor, que me impedem de frequentar os cultos tanto quanto eu gostaria."

Confiando em Deus, mas ainda assustadosEsse parece ser o resumo dos depoimentos de cristãos que ainda se encontram em Garissa
Caleb* confirmou que a Igreja, em Garissa, luta para continuar de pé, mesmo em meio à contínua insegurança. Muçulmanos fundamentalistas ainda têm empresas e agentes de segurança cristãos, igrejas e pastores como alvos de seus ataques. Em seu depoimento, ele refere-se, entre outras histórias, ao assassinato de Abdi Welli, em fevereiro.

"Houve um êxodo em massa de não muçulmanos e cristãos nos últimos meses. A maioria das igrejas conta, agora, com menos de 50% de seus fiéis nos cultos. As pessoas deixaram a área temendo por suas vidas e pela segurança de suas famílias. Essas preocupações são válidas, não podemos culpá-los por tomarem essa decisão", disse Caleb.

Ele também acrescentou: "Nós, que estamos ficando para trás, estamos bem. Deus acalmou nossos corações, mentes e emoções, apesar da contínua insegurança. Minha fé continua forte e eu louvo a Deus por isso, mesmo que não seja fácil viver em um lugar como este, em que convivemos com o perigo constante."

Kaleli, pastor sênior da igreja AIC, em Garissa, falou à Portas Abertas: "Minha esposa Anna, que foi ferida no ataque, está melhor. Ela recebeu alta após 35 dias de internação no hospital; a cirurgia foi bem sucedida. Ela ainda sofre com dores, mas, sobretudo, Deus a tem sustentado."

Inicialmente, o casal estava determinado a ficar, Anna principalmente. Eles entendiam que partir significaria derrota. No entanto, eles têm percebido que precisam dar uma pausa aos seus filhos, traumatizados e suas famílias, no geral.

"Meus filhos e familiares foram tão prejudicados com esse ataque que pediram para que nos mudemos. Vamos nos transferir até o final de abril. Por favor, ore por nós e pela igreja enquanto essa transição ocorre."

"Quanto a mim", compartilhou Kaleli, "estou vivo e saudável e louvo a Deus por isso. Mas é difícil ver uma congregação encolher tão radicalmente quanto a nossa. Na maioria dos cultos aos domingos, temos em média cerca de 60 pessoas, sendo que nos anteriores havia 200 que frequentavam regularmente! Eu percebo que também preciso me afastar um pouco, para me recuperar e me atualizar. Por favor, mantenha-nos em suas orações."

O nível de desânimo em Garissa é motivo de preocupação. A Portas Abertas garantiu ao pastor Kaleli que milhares de cristãos ao redor do mundo vão continuar orando por eles e pelo resto da comunidade cristã em Garissa.

Através de visitas de encorajamento, vários tipos de treinamento e desenvolvimento socioeconômico, a Portas Abertas permanece intimamente envolvida com a Igreja em Garissa.

*Nome trocado para a segurança do cristão
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoAna Luíza Vastag

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