Abyei, no Sudão do Sul, teme violência generalizada após ataques


No final de abril, militantes da etnia Messiria, supostamente ligada às Forças Armadas do Sudão (SAF, sigla em inglês), atacaram uma aldeia a leste da cidade de Abyei, na parte sul do Sudão, matando um número desconhecido de pessoas, incendiando 23 cabanas e obrigando o deslocamento de muitos, justamente quando a época de plantio se aproxima
Um contato local disse à Portas Abertas que este ataque coordenado incluía também as aldeias de Galar, Piuk e Kar, as quais foram evacuadas após o incidente. Chol Changath, atual secretário geral da SPLM (sigla em inglês que, traduzida, significa: Movimento Popular de Libertação do Sudão) disse ao jornalSudan Tribune que a tensão crescente em Abyei pode ser violenta, caso não haja uma intervenção imediata da comunidade internacional.
A Portas Abertas foi informada de vários casos de violência ao longo das últimas semanas, incluindo a destruição da aldeia Tajalei, em 23 de abril, após uma tentativa frustrada de ataque anterior. Outros incidentes ocorridos foram dois tiroteios e a explosão de uma mina por volta do dia 20 de abril. Fora isso, houve casos em que as Forças de Manutenção da Paz confrontaram-se com membros armados da Messiria, quando estes pareciam estar a caminho do ataque às vilas.
O governo do Sudão está sendo fortemente acusado de armar as milícias a favor da desestabilização da região e dispersar os habitantes locais com o objetivo de impedí-los de participar do referendo. Segundo o Acordo Geral de Paz de 2005, um referendo que seria realizado em maio ou junho de 2011 decidiria se a cidade de Abyei pertenceria ao Sudão ou ao Sudão do Sul. O governo do Sudão do Sul insistia que o voto deveria ser permitido apenas à comunidade local, Dinga Ngok, predominantemente cristã. O Sudão, contudo, insistia em autorizar o voto à tribo nômade Messiria, de maioria muçulmana, que migrava para lá a fim de pastorear seus animais. Por não conseguirem chegar a um acordo, o referendo foi adiado em várias ocasiões.
O líder do Sudão do Sul, Salva Kiir, insistia que o impasse só seria resolvido se parceiros internacionais levassem o Sudão a aceitar a proposta da equipe de mediação da União Africana (AU, sigla em inglês): somente aqueles que viviam em Abyei permanentemente deveriam ser autorizados a votar. O Sudão rejeitou a sugestão.
Os últimos incidentes trouxeram à memória os ataques de maio de 2011, das Forças Armadas do Sudão (SAF) a Abyei, que desalojaram pelo menos 80 mil pessoas. A campanha que arrasou as terras e desmembrou a comunidade aconteceu justamente no momento em que o povo de Abyei estava entrando na época de plantio. A incapacidade de semear os fez enfrentar um período prolongado de fome.
Num primeiro momento, as agências humanitárias tiveram negado o seu acesso aos desalojados. Quando foi permitida a prestação de auxílio, a instabilidade persistente impediu muitas ONGs de ajudarem os desamparados.
Ainda assim, a Portas Abertas tem estado em contato com a pequena comunidade de cristãos de diversas denominações, em Abyei, oferecendo aos desalojados todo o apoio necessário. No centro principal, Agook, os cristãos abriram suas casas àqueles que não tinham onde morar, fazendo o possível para dar-lhes assistência prática com a ajuda de parceiros internacionais, além de fornecer-lhes cuidado espiritual.
Após os acontecimentos recentes, a igreja local se levanta novamente pela causa. Vários líderes cristãos estão viajando para algumas das áreas mais perigosas a fim de fazer uma avaliação das necessidades e dar apoio com materiais de construção e kits de sobrevivência.
Mais uma vez os habitantes de Abyei têm presenciado o desmembramento justamente quando a época de plantio está prestes a começar. Isto significa que mais uma vez dependerão do Programa Alimentar Mundial para lhes dar apoio na alimentação. O ciclo é extremamente ruim para estas pessoas que estão tentando se levantar das cinzas. 
Mais recenteEm 4 de maio de 2013, militantes da etnia Messiria mataram o chefe da comunidade cristã Dinga Ngok, Deng Kuol Deng, um pacificador da Etiópia, membro da UNISFA (sigla em inglês que, traduzida, significa: Segurança Interina das Nações Unidas para Abyei); um oficial do Sudão do Sul afirma que foi uma emboscada, de autoria atribuída ao Sudão. Pelo menos outros dois soldados ficaram feridos no ataque contra o comboio.
Pedidos de oração
  • Ore para que Deus conforte as famílias que perderam seus entes queridos nos ataques recentes.
  • Peça por sabedoria para aqueles que estão em dúvida sobre ficar em Abyei ou partir e pela proteção da população local.
  • Agradeça ao Senhor pelos líderes da igreja que estão dispostos a viajar para áreas perigosas a fim de pregarem às pessoas. Ore pela sua proteção, para que o Senhor faça deles uma fonte de encorajamento para o povo.
  • Interceda pedindo por sabedoria e pela ação imediata de atores internacionais como a União Africana e o Conselho de Segurança das Nações Unidas (UNSC, sigla em inglês) para que essas instituições ajudem a solucionar as questões. Peça a Deus para que a comunidade internacional consiga envolver as duas partes para que as resoluções sejam colocadas em prática.
FontePortas Abertas Internacional e outras agências
TraduçãoDaniela Cunha

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