É o tempo da Igreja

Em entrevista cedida à Portas Abertas em 2 de abril de 2013, o pastor sírio Edward Awabdeh, da Igreja Aliança em Damasco, comenta sobre a situação em que se encontra a comunidade e como a Igreja procura ajudar. Leia a primeira e a segunda parte dessa entrevista
"A igreja está muito bem. Muitos estão envolvidos no ministério e há um grande comprometimento. Mas por outro lado muitos têm deixado de ir àreuniões por causa dos riscos e da falta de segurança. Perdemos algumas pessoas, o que nos deixou muito tristes, partiu nossos corações. Eles são carne da nossa carne, eram pessoas muito eficazes. Até o momento cerca de 30% das pessoas foram embora; dois em cada cinco eram idosos, três em cada sete eram ministros de louvor, três em cada cinco eram líderes de jovens.
Há explosões, tudo é muito imprevisível. Ao dirigir pela cidade você corre um alto risco. As estradas estão fechadas. Durante 24 horas por dia há tiros e bombardeios. Mas para nós cristãos não é a mesma coisa, nós somos guiados por um GPS diferente. Somos gratos a Deus por sua presença em nossas vidas, por sua mão, por sua paz. Deus realmente repousa sua mão sobre nós
É obvio que Deus está fazendo algo. Temos ouvido pessoas que veem à nossa igreja dizendo: Embora tenhamos perdido tudo, nós ganhamos Cristo.
Este é o momento da Igreja, sentimos que esta é a nossa hora. É tempo de ajudar, tempo de apoiar os refugiados, de a Igreja fazer o seu papel. Quem mais pode levar esperança, pode espalhar a paz além do Senhor? Humanamente falando não é fácil encontrar a paz. Na noite passada os edifícios foram abalados por causa das bombas. Honestamente, a paz que eu e minha esposa sentimos é maravilhosa, não há explicação para isso, se não Deus.
Temos tido umxperiência maravilhosa ao pastorear as pessoas, caminhar lado a lado com elas e encorajá-las. Nossa presença também é uma mensagem: nós devemos ficar, temos que confiar na proteção de Deus. Não temos vivido ansiosos; o Senhor tem nos dado um tempo maravilhoso.
Estamos profundamente ligados à Síria. Deus quer um futuro melhor para as pessoas, mesmo aquelas que têm permitido ser usadas pelo diabo. Deus mudou o coração das pessoas no passado, como no caso do "terrorista" Saulo a caminho de Damasco há quase dois mil anos. Deus pode fazer isso de novo.
Nosso trabalho não se baseia em nossa bondade, em nossa habilidade, mas em Deus. Queremos ser como as pessoas da "torre de vigia", que oram sem cessar. O grupo de oração começou no templo de nossa igreja, por causa da situação o momento de oração agora é feito nas casas dos membros.
Somos uma minoria, não temos poder militar, a milícia nos protege. Agradecemos a Deus por que os fanáticos religiosos não controlam áreas cristãs. A Síria era um Estado secular. Agora está mais polarizado, há duas facções e para eles não existe neutralidade. A situação obriga a escolher um dos lados, o que deixa as coisas ainda mais assustadoras. Mas os cristãos não são alvo por serem cristãos. Às vezes individualmente sim, mas de forma geral não.
Por que os cristãos devem permanecer na Síria? Porque precisam cumprir a missão que Deus deu a eles. Quando isso acontecer, então, eles assumirão os riscos. O que podemos fazer é valoriza-los, dizer a eles que apreciamos seu trabalho, reuni-los em grupos para orar e para que recebam o encorajamento do Espirito Santo. Podemos pregar sobre o papel da igreja na sociedade, esperamos que ouçam o chamado de Deus."
Trabalhar ao lado de pastores perseguidos no serviço a suas igrejas e comunidade é uma das formas de a Portas Abertas servir à Igreja Perseguida. Para apoiar o trabalho de irmãos como o pastor Edward Awabdeh, você pode contribuir e orar pelos projetos de campo da Portas Abertas. Clique aqui para saber mais.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoMarcelo Peixoto

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