A perseguição religiosa na República Centro-Africana

Uma fonte da Portas Abertas em Bangui, capital da República Centro-Africana, revelou as realidades terríveis de civis por todo o país e as condições precárias daqueles que escolhem seguir a Cristo. Constantemente, cristãos são alvos de ataques por conta de sua fé
Um exemplo dos perigos que os cristãos têm enfrentado é a circunstância que permeia a prisão “violenta” do presidente da Aliança Evangélica da República Centro-Africana, pastor Nicolas Grekoyame Gbangouon. Sua prisão, em 6 de agosto, foi acompanhada de críticas da opinião pública contra o governo rebelde que comanda o país.

O pastor Grekoyame foi solto sob circunstâncias extraordinárias por volta das 23h no dia de sua prisão. Fontes disseram à Portas Abertas que assim que o arcebispo católico de Bangui ouviu a respeito da prisão, marchou em direção à prisão com uma surpreendente manifestação de unidade e coragem, dizendo aos oficiais que queria ser preso com o pastor e até morrer com ele, se fosse necessário.

Líderes católicos informaram esses acontecimentos imediatamente a Roma, e, logo em seguida, o Ministro do Interior, Adam Noureddine, chegou à prisão para providenciar sua libertação. O Ministro Noureddine desculpou-se com o pastor pelo que ele teve de passar. Não se sabe ao certo se Noureddine agiu por si mesmo ou se foi enviado pelo presidente Djotodia. Houve uma rivalidade política entre ele e Noureddine.

“Louvamos a Deus pela libertação do pastor Grekoyame. Se isso não tivesse acontecido imediatamente, a República Centro-Africana estaria mergulhada em fogo e sangue agora! O objetivo dos muçulmanos era matar o pastor por obstruir seu regime. Na verdade, os soldados Seleka se vingaram em outro pastor na mesma noite”, escreveu o contato da Portas Abertas.

O informante afirmou que os soldados chegaram à casa de um pastor pertencente à denominação do pastor Grekoyame em Bangui na mesma noite, obviamente com má intenção. Como eles não encontraram o líder da igreja ali, assassinaram seu filho Musa, cuja idade é desconhecida até o momento. Os rebeldes também atiraram no braço da esposa do pastor.

• Em junho, rebeldes mataram o pastor Guy Banda da Igreja dos Irmãos, na aldeia de Songbasou, a 60 km de Kaga-Bandoro, cerca de 330 km ao norte da capital Bangui. Os aldeões fugiram antes da aproximação dos rebeldes, mas o pastor decidiu ficar. Ele foi assassinado enquanto os rebeldes saqueavam a aldeia.
• Fontes da Portas Abertas disseram que soldados assassinaram, em julho, outro pastor em Bangassou, quase 600 km a leste de Bangui. Até o momento da publicação, não foi possível confirmar o nome e as circunstâncias em que o assassinato aconteceu.
• Supostos rebeldes Seleka executaram um pastor da igreja Apostólica em Bria, também em julho. Fontes da Portas Abertas estão tentando averiguar os detalhes.
• Rebeldes atacaram a Sociedade Bíblica e destruíram Bíblias.
• Instrumentos de uma Igreja Batista em Sabeke, bairro de Bangui, foram saqueados por rebeldes.
• Por medo de serem atacados durante a noite, muitos cristãos não dormem mais em suas casas.

Julien Bela, jornalista do jornal Centrafic Matin, em um artigo da edição de 22 de julho, comparou os fatos atuais na República Centro-Africana ao que ocorreu no norte de Mali durante a ocupação islâmica. A diferença, em sua opinião, é somente que, no norte de Mali, a ocupação foi declaradamente islâmica, enquanto na República Centro-Africana isto é encoberto, mas igualmente violento.

A jornalista explicou que os rebeldes não têm piedade das pessoas e as tratam pior do que animais. Mutilação de corpos é comum. Famílias enlutadas sequer podem levar os corpos de seus familiares assassinados para o necrotério, uma vez que, em muitos casos, a decomposição dos corpos mutilados está bastante avançada.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoSuzana Barreto

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