Luis: uma voz que ilumina a escuridão da Colômbia

O pastor Luis Campos* levantou a voz ao confrontar-se com um membro do grupo Aguilas Negras (Águias Negras). O paramilitar desta facção criminosa de direita chegou à casa do pastor exigindo 500 dólares, o equivalente ao salário de muitos meses. A arma do paramilitar apontada para o cristão mostrou que ele estava falando sério
Luis é um dos pastores ameaçados por membros do Aguilas, no sul de Córdoba, na Colômbia, onde a perseguição é mais severa por conta do surgimento de grupos criminosos formados após um acordo do governo com o maior grupo paramilitar do país, as Autodefesas Unidas da Colômbia, em 2006. Durante os últimos dois anos, o Aguilas Negras tem controlado Córdoba e as rotas do narcotráfico ao longo de parte da costa caribenha da Colômbia. Além disso, guerrilheiros esquerdistas também agem com impunidade. Neste contexto, os cristãos são um grupo vulnerável que ameaça o domínio dos criminosos.

Para encher ainda mais as contas bancárias do Aguilas, eles exigem pagamentos por meio de extorsão, que os colombianos comumente chamam de vacunas, ou vacinas. Aqueles que se recusam a pagar essa taxa na qualidade de cidadão, sociedade civil ou empresa correm um alto risco de serem sequestrados ou mortos; seus entes queridos podem sofrer o mesmo destino. Até policiais do sul de Córdoba têm pagado vacunas a grupos armados ilegais.

Membros do Aguilas perseguem pastores e exigem parte dos dízimos e ofertas. Um líder cristão disse à Portas Abertas que seis igrejas de sua região têm dado dinheiro a membros de grupos armados. Além disso, o Aguilas força os cristãos a participar de suas reuniões, fornecer-lhes alimentos, espionar os outros e guardar suas armas.

É conhecido de todos que aqueles que desafiam as ordens dos grupos armados ilegais enfrentam consequências terríveis. Muitos pastores pensam em desistir de suas igrejas e deixar de pregar nas pequenas aldeias. Além disso, menos cristãos estão frequentando os cultos, relata um coordenador voluntário da Portas Abertas.

"O medo está dominando a vida da igreja nesta região", afirmou o pastor que também atua como coordenador regional da Portas Abertas. "A questão se torna mais complexa porque depois das intimidações e ameaças, esses grupos agem de fato.”

Após o pastor Leonel não ter comparecido à última reunião do Aguilas, paramilitares foram até sua casa. Um deles disse ao pastor para colaborar ou deixar a região, acrescentando: "Sabemos onde estão seus filhos."

A pressão é tão grande que alguns cristãos estão cedendo por causa da possibilidade real de perderem suas vidas ou as vidas de seus entes queridos. É possível que muitos pastores abandonem a região.

Alguns cristãos têm enviado suas filhas para estudarem em outros lugares, mas as meninas não podem voltar para casa, nem mesmo para uma visita. Isto porque os comandantes dos grupos armados ilegais em toda a região podem obrigar as garotas a se prostituírem.

Mesmo enfrentando ameaça de morte, o pastor Luis Campos falou com tal autoridade contra o Aguila Negra que apareceu armado exigindo dinheiro a ele, que o paramilitar se desculpou. Mesmo assim, prometeu mandar outra pessoa para buscar o pagamento.

Desde o confronto em janeiro de 2012, ninguém voltou. O pastor Luis nunca deu dinheiro nem atendeu às exigências de qualquer grupo armado ilegal. Um líder cristão disse que a posição do pastor Luis fortaleceu os outros.

"De uma forma ou de outra, devemos considerar estas coisas como tentações do inimigo para forçar os pastores a se submeterem", afirmou o coordenador da Portas Abertas na região. "Acredito que a solução é orar, orar e orar." 
A voz do pastor Luis é mais do que uma luz que ilumina a escuridão. Seu clamor aumenta a consciência de que, embora o medo tente dominar, a presença de Deus é muito mais forte.

Saiba mais amanhã, no texto: “Não posso dizer nada”.

*Nome alterado para a segurança do cristão e sua família
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoDaniela Cunha

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