Esperança para mãe e filha – Parte 1

Um colaborador da Portas Abertas compartilha momentos passados com Ina Pote (foto) e Ka Maria, ex-muçulmanas envolvidas no Projeto Mat Kaholatan em Zamboanga, sul das Filipinas. O projeto é uma iniciativa que visa capacitar cristãos carentes da etnia sama por meio do trabalho artesanal feito com pandan, uma planta tropical de folhas flexíveis e resistentes. "Kaholatan" significa "esperança" no dialeto local do povo sama
Conheci Ina Pote em um sábado. Ela estava colhendo folhas de pandan com sua filha de 41 anos, Maria, o neto Bonji e a vizinha Agassi. Trajava um macacão marrom. Tinha os cabelos grisalhos presos num coque bagunçado, empunhando uma foice um pouco enferrujada na mão. Provavelmente na casa dos 80, Ina Pote me disse, mais tarde, que não sabia quantos anos tinha. "Quando eu era mais jovem, não acompanhávamos essas coisas", disse ela, sorrindo. "Estou simplesmente velha".
Embora idosa, a idade não a impede de trabalhar duro. Ina Pote cortava num instante os altas ramos de pandan, automaticamente empilhando folha após folha. Ela executava a tarefa com tanta facilidade e indiferença que, em pouco tempo, já tinha os maços amarrados. Fiquei impressionado com sua eficiência. Ela era incrivelmente ágil, cortando as longas folhas lancetadas com força e determinação estampadas em seu rosto.
Pote Ina pertence à tribo sama, do centro de Mindanao. "Éramos moradores do mar", conta. Ela passou sua infância coletando conchas e assistindo a seu pai pescar em Basilan. Por volta dos 20 anos, casou-se com um belo pescador chamado Sadlani. Eles tiveram sete filhos, cinco dos quais morreram quase imediatamente após o nascimento. "Eu tive buwaya-buwaya", explicou Ina Pote. "É uma doença, uma maldição que causou a morte dos meus bebês".
Considerada a tribo mais pobre da região, a maioria dos samas, como Ina Pote, nunca recebeu uma educação adequada. Formalidades, como idade e saúde, tornaram-se importantes apenas recentemente. Durante décadas, os samas foram discriminados por sua etnia. Ser um sama é ser pobre, oprimido, maltratado e explorado. É não ter autoestima. É, por si só, ser perseguido. Por suas raízes islâmicas e animistas, ser um sama e seguidor de Jesus ao mesmo tempo é duas vezes mais difícil.
Na casa das tecelãsTive um vislumbre da realidade de Ina Pote quando visitei sua casa. Ela mora em uma pequena cabana de bambu em uma comunidade sama. Depois de me receberam, Iná e Maria acomodaram-se no chão e seus dedos começaram a dançar, tecendo mechas azuis e verdes de pandan em um tapete primorosamente projetado.
"Minha mãe me ensinou a tecer quando eu era apenas uma garotinha", compartilhou Maria. "Eu era a mais velha. Ela sentava-se comigo e me mostrava como fazer estampas".
Ina Pote pegou então algumas tiras e tentou me ensinar como juntá-las ordenada e artisticamente. Eu tentei, mas meus dedos se atrapalharam. E vendo a obra semi-pronta de Ina Pote no chão, percebi quanto tempo, paciência e habilidade eram necessárias para criar algo razoavelmente bonito.
"Maria foi realmente a primeira da família a seguir Isa (Jesus)", disse Ina Pote, sem tirar os olhos e as mãos de seu ofício. "A princípio, fui contra".
"Ouvi um pastor pregar sobre Isa em uma igreja em Lumbayao", Maria compartilhou. "Fiquei curiosa. Comecei então a ouvir o sermão pela janela da igreja. Eu era muito cínica. Minha mente estava em coisas diferentes. Mas depois de ouvir, tive de me perguntar: ‘Sou realmente assim?'".
"Naquele mesmo dia, falei com Isa", Maria continuou. "Senhor, é realmente isso o que você disse? É verdade o que eu ouvi do pastor? Orei a Isa, e ele abriu meus olhos. Disse que tudo aquilo era verdade".
FonteDaniela Cunha
TraduçãoDaniela Cunha

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