"O evangelho me faz sentir livre na prisão"

Trinta meses após governantes tribais terem ordenado sua prisão sob falsa tentativa de homicídio e acusação de roubo, Jaime Tenorio permanece detido em uma prisão de segurança máxima, lotada de assassinos, ladrões, guerrilheiros, paramilitares e traficantes ansiosos por forçá-lo a participar de seus esquemas criminosos
Colombia_Marleny_Filhos.jpg
Os governantes da reserva tribal no departamento de Cauca, na costa oeste da Colômbia, confiscaram as terras da família de Tenorio, deixando sua esposa, Marleny, sem moradia ou quaisquer meios para alimentar seus três filhos mais novos, todos na faixa etária de 1 a 9 anos. Para sobreviver, Marleny trabalha como diarista agrícola nas terras de fazendeiros locais. Quando não encontra trabalho, ela e seus filhos passam fome.
O sofrimento da família teve início quando Tenorio se viu em oposição à política indígena de sua tribo, Nasa. Por não querer que seus filhos fossem educados em escolas que promovessem a feitiçaria tradicional, Tenorio filiou-se à Organização Indígena Multicultural de Cauca (Cauca Multicultural Indigenous Organization - OPIC), grupo indígena cristão que defende a educação não tradicional.
Autoridades tradicionais, no entanto, consideram a OPIC uma organização inimiga, uma vez que disputa o financiamento federal e desafia o currículo escolar tradicional da tribo, baseado em feitiçaria. Estas autoridades têm perseguido, ameaçado e expulsado membros da OPIC de suas terras e confiscado seus bens, além de acusá-los com frequência de crimes que não cometeram.
Esse foi o caso de Tenorio, que veio em socorro de uma mulher cristã no momento em que líderes tribais tentavam levar suas vacas, acusando-a falsamente de tê-las roubado. Na confusão armada, Tenorio foi agredido. Ele reagiu em autodefesa, o que provocou que autoridades tribais o acusassem de tentativa de homicídio.

Após a detenção de Tenorio e sua família no prédio do governo tribal, as autoridades o condenaram a 20 anos de detenção e o mandaram para San Isidro, uma prisão em Popayan, distante cerca de quatro horas de ônibus. A Constituição colombiana concede autonomia aos governos indígenas; dessa forma, Jaime Tenorio não tem o direito de recorrer da sentença.
Em meio aos perigos da prisão de San Isidro, através de um estudo bíblico da Fraternidade em Prisões da Colômbia, Jaime chegou à fé em Cristo. Hoje, seus três filhos mais velhos são alunos do Centro Infantil da Portas Abertas, onde também se tornaram cristãos. O mais velho, Ferney, que hoje tem 20 anos, compartilhou o evangelho com sua mãe, que também aceitou a Cristo.
A Portas Abertas tem oferecido ajuda financeira à família para comprar comida, cartões telefônicos e materiais de tecelagem, com os quais Jaime e Marleny confeccionam sacos, redes e outros objetos para vender. Em outubro, a Portas Abertas financiou a primeira visita de Marleny ao marido, depois de um ano que eles não se viam.
Marleny não tem nenhuma igreja perto de sua casa; assim, sua nova fé em Cristo não tem sido alimentada. Em meio a todo seu sofrimento, ela perdeu o interesse em aprender mais sobre Deus. Aqueles que praticam a religião indígena de Nasa oferecem soluções para seus problemas com base em práticas de feitiçaria tradicional.
Seu filho Faiber, de 9 anos, está animado para ingressar no Centro Infantil da Portas Abertas no próximo ano. Mas as crianças têm sido o suporte emocional de Marleny. Faiber a ajuda com as tarefas e cuida de suas irmãs mais novas. "Ele é o homenzinho da casa", contou a mãe. Irônico é o fato de que agora as crianças frequentam a escola da aldeia onde aprendem os rituais aos quais Jaime se opôs e que acabou resultando na sua condenação.
Em meio ao desespero pela separação forçada de seus entes queridos, Marleny é grata pelo apoio oferecido pela Portas Abertas a sua família. Ela se alegra com as cartas e o apoio constante daqueles que ouviram sua história.
Ferney se forma em dezembro e planeja ajudar sua mãe. Um de seus objetivos é encontrar uma igreja perto de casa que possa fortalecer e incentivar sua família com os ensinamentos que ele mesmo recebeu durante seus anos no Centro Infantil. Ele pretende ajudá-la financeiramente; para esse fim, e com a ajuda de outros estudantes, ele está desenvolvendo um negócio de manutenção de computadores. Eles também pretendem criar videogames.
O evangelho traz liberdadeUm programa do governo colombiano permite que presos que demonstram bom comportamento tenham suas sentenças reduzidas. Mas as autoridades indígenas que prenderam Tenorio negaram-lhe esse benefício. Eles também o proibiram de participar de cursos profissionalizantes oferecidos na prisão, tais como carpintaria, panificação e outras ocupações. "Para eles, somos pessoas que só dormem e comem", afirmou o cristão.
Ainda assim, com o apoio da Fraternidade em Prisões da Colômbia, Jaime e outros 40 prisioneiros participam de estudos bíblicos, os quais o levaram a colocar em prática a sua fé em Cristo, fortalecendo-o cada dia mais.
"Aguardo ansiosamente os dias de estudos bíblicos porque eu aprendo muito sobre a Bíblia", disse. "A leitura da Palavra me faz sentir livre, forte e capaz de lidar com esta difícil situação".
Ele é grato pelo apoio da Portas Abertas pelas cartas que recebe mensalmente de muitos países. Embora a maioria delas esteja escrita em inglês, idioma que não compreende, Jaime olha para as imagens. Ele as mostra aos guardas da prisão, que perguntam sobre a origem das cartas.
Ele diz que muitas pessoas estão orando por ele e aproveita a oportunidade para compartilhar sua fé em Cristo.
Pedidos de oração
  • Ore para que o Senhor continue abençoando Jaime Tenorio na prisão, que ele possa continuar recebendo estudos bíblicos.
  • Interceda pelos outros prisioneiros, para que eles vejam a presença de Cristo em Tenorio. Que eles cheguem à fé através de seu testemunho.
  • Peça por força, cura interior e provisão financeira para Marleny e seus filhos.
  • Clame por justiça para Jaime e a reestruturação de sua família, para que eles sejam encorajados e possam permanecer firmes em sua fé.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoDaniela Cunha

Comentários