Treinamento para líderes chega na hora certa

O treinamento não poderia ter acontecido em melhor hora. Foi oferecido um ambiente seguro para que os participantes compartilhassem a sua dor e expressassem seus medos. "Eu aprendi que preciso ter paciência com as outras pessoas e comigo mesmo, pois o processo de cura requer tempo", disse um pastor
Um colaborador da Portas Abertas, que ministrou o treinamento, nos conta como foi:
"Cheguei a Nairóbi um dia depois de os terroristas tomarem o Shopping Westgate. A notícia do ataque foi divulgada em todos os canais de televisão. Enquanto esperávamos nossa bagagem, um passageiro disse-me que um dos clientes foi tomado como refém. Saímos do prédio do aeroporto sem saber o que esperar durante esta visita ao país do Leste Africano.
‘Seu ministério sempre vem quando estamos em apuros’, comentou o motorista encontrando-me do lado de fora. ‘Vocês estavam aqui antes das eleições. Alguém de sua equipe estava aqui logo após o incêndio do aeroporto. E agora novamente, com este ataque você está aqui!’
Ele estava certo, mas tudo fazia parte do plano e do tempo de Deus e, portanto, não era mérito nosso. Nossas visitas em todas essas ocasiões foram planejadas bem antes do tempo e apenas "passaram a" coincidir com os eventos.
Enquanto nos dirigíamos para Nairóbi, o céu nublado parecia refletir a atmosfera de choque e tristeza. Eu estava neste lugar para ministrar um treinamento para líderes leigos que haviam passado por traumas e pedia a Deus sabedoria, discernimento e graça para ir de encontro às necessidades emocionais e espirituais de cada participante.
Durante a primeira sessão de treinamento em fevereiro, poucas semanas antes das eleições gerais de 2013, os participantes pareciam instáveis. Foi construída em todo o país uma tensão com os temores sobre uma repetição da violência pós-eleitoral de 2007, que deixou mais de 1.000 pessoas mortas e muitas vidas devastadas. Os participantes indagavam como poderiam se preparar para enfrentar o pior que estava por vir.
A violenta eleição anterior tinha profundas raízes tribais e notei que isso tinha afetado os participantes. Era muito doloroso reviver e lembrar o que tinha acontecido naquela ocasião. Inicialmente eles estavam desconfortáveis para praticarem suas habilidades de aconselhamento sobre o outro.
Mas, apesar disso, eu senti que o treinamento não poderia ter vindo em melhor hora. Foi oferecido um ambiente seguro para que os participantes compartilhassem a sua dor abertamente e expressassem alguns de seus medos. Houve também um grupo vindo de Garissa, formado de cristãos ex-muçulmanos e um líder de destaque da igreja, Abdi Welli, que tinha sido recentemente baleado.
Quando o grupo começou a ser ministrado e receber cuidados, notei que o ambiente aos poucos era transformado. Cada um sentiu-se mais livre para compartilhar a dor que havia experimentado. Mas, ao voltar ao nosso escritório, após o término do treinamento do primeiro dia, fiquei pensando sobre como deveríamos agir nos próximos dias e como reagiriam esses irmãos.
Sempre que ligávamos as televisões víamos cenas perturbadoras do terror que o povo estava experimentando ao redor do shopping. Um psicólogo participando de um programa de TV local explicou os efeitos do trauma que as vítimas do Westgate experimentaram. Por quanto tempo todas essas pessoas ficariam sofrendo com os efeitos que o perito havia descrito?
Retornei ao local de treinamento, no dia seguinte, esperando mais uma vez um ambiente tenso. Mas, graças a Deus fui agradavelmente surpreendido. Os participantes estavam muito relaxados desde o início. Parecia que eles haviam encontrado a cura para a sua própria dor, enquanto eles praticavam a arte de cuidar e aconselhar os outros e no processo de aprendizagem para entender seu próprio comportamento.
Na ocasião os participantes explicaram o seguinte. ‘Eu aprendi que preciso ter paciência com as outras pessoas e comigo mesmo, pois o processo de cura requer tempo. Depois do treinamento estamos mais aptos para ajudar os outros’, disse um pastor.
Vendo a diferença que o nosso treinamento causara nos participantes, enchi-me de esperança. Eu sabia que, com o nosso treinamento concluído, os participantes estavam embarcando em uma jornada, a de caminhar nos passos de Cristo, O Curador Ferido. Orei para que Deus os usasse como instrumentos de cura em suas mãos, a fim de que eles possam ministrar às vítimas de todos os tipos de violência e trauma ao longo dos últimos anos, no Quênia e, também àqueles que foram afetados no ataque ao Shopping Westgate. Pedi, também, que Deus nos ajudasse a implementar este treinamento em todo o continente!"
Pedidos de oração
• Louve a Deus pela conclusão do treinamento e ore para que os participantes usem as habilidades adquiridas para servir os cristãos feridos em suas regiões.
• Peça que a bênção de Deus esteja sobre essa nova e crescente faceta do trabalho na África e em outros lugares.
• Ore pelo conforto para as famílias que perderam seus entes queridos no Shopping Westgate e outros tipos de violência no Quênia.
• Suplique ao Senhor que proteja a Igreja do Quênia e a nação como um todo, tendo em conta o aumento de ameaças e terror.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoAnne Karen Oliveira

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