Líder religioso holandês é assassinado na Síria

O holandês que vivia há cinco décadas na Síria e se recusara a deixar a cidade de Homs foi espancado e morto a tiros no mosteiro onde vivia, informou o Vaticano nesta segunda-feira (07/04). Frans Van der Lugt, de 75 anos, ficou conhecido ao lançar no início do ano um apelo em vídeo pela população de Homs
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"O Frans foi morto no jardim de nosso mosteiro com um tiro na cabeça", afirmou o reverendo Ziad Hillal, outro líder cristão. "Van der Lugt era um sírio entre os sírios, a quem se recusou a abandonar, mesmo quando isso significou colocar sua vida em risco", disse o ministro holandês das Relações Exteriores, Frans Timmerman, em sua página no Facebook.
Uma figura querida entre cristãos e muçulmanosO ativista Beibars Tilawi afirmou, via Skype, que a notícia causou grande impacto até mesmo entre os rebeldes da região, que admiravam Van der Lugt por seus esforços para reduzir os bloqueios, e sua luta contra a fome na região. "Esse era um homem que vivia conosco, que comia conosco, e que ficou em Homs mesmo quando os bloqueios foram reduzidos".

Albert Abdul-Massih, que trabalhou com Van der Lugt, afirma que o cristão estava otimista de que o conflito na Síria chegaria ao fim. "Ele me ligou há dois dias e me disse que tinha esperanças de que o cerco à cidade acabasse em breve. Ele era um sacerdote cristão, mas não era conservador. Amava cristãos e muçulmanos da mesma forma, e cuidava das pessoas gratuitamente", afirmou. "Sua morte foi uma grande perda".
Cristãos representavam cerca de 10% da população da Síria antes do início da guerra civil em 2011. Protegida pelo governo de Bashar al-Assad, a minoria tem sido atacada por opositores do presidente.
Embora tenha permanecido em Homs mesmo após o êxodo de cristãos da cidade, Van der Lugt, que gravou um vídeo falando em árabe sobre a fome na região, mantinha uma boa relação com as comunidades locais.
"Não me sinto um estrangeiro, e sim como um árabe entre os árabes. Não vejo as pessoas como cristãs ou muçulmanas. Vejo-as primeiro, e sobretudo, como seres humanos", afirmou Van der Lugt em seu vídeo de apelo.
FonteO Globo

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