#ViagemaoIraque 3: Um dia repleto de lágrimas e maravilhas

A jornada pelo Iraque continua. Lídia*, uma colaboradora da Portas Abertas, tem sido os nossos olhos e ouvidos ao relatar o encontro com cristãos que precisaram fugir de suas casas para sobreviver da perseguição. À medida que a história avança, nós ficamos cada vez mais perto de nossos irmãos
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Estou sentada na sala de aula de uma escola primária para ouvir uma história. Não de um professor, mas de uma família que vive aqui. A escola inteira está cheia de pessoas que fugiram de Qaraqosh. Cada sala de aula é um lar temporário para três ou mais famílias. A maioria dos colchões está empilhada no canto e as antigas mesas dos alunos são utilizadas para armazenar alimentos. Isso é tudo o que eles têm. O ventilador que é dado a eles só funciona quando há eletricidade, o que acontece apenas algumas vezes por dia.
A mãe, que tem uns trinta anos, me diz que essa é a terceira vez que tem de fugir. A primeira vez, em 2006, fugiu de Bagdá. Ela e sua família foram ameaçadas por islamitas; “vocês são cristãos, se ficarem, vamos matá-los”. Então eles deixaram Bagdá. Enquanto iam embora, os fanáticos seguiram o carro em que ela e sua família estavam, e o empurrou para fora da estrada em uma ladeira. Após o acidente, ela teve ferimentos graves na cabeça e quase morreu. Ela mostrou fotos horríveis de profundo ferimento no pescoço e no rosto. Dois parentes morreram no acidente. Seus dois filhos estavam com ela no carro, eles foram levemente feridos fisicamente, mas um dos rapazes não conseguiu falar e andar por três dias, por causa do trauma. As cicatrizes em seu rosto me dizem que é um milagre ela ainda estar viva.
Após este episódio horrível, ela e sua família construíram uma nova vida em Qaraqosh, mas em junho de 2014, quando o Estado Islâmico (IS) se aproximou, eles fugiram para Erbil. Depois de três dias, foi dito que ele era seguro voltar para Qaraqosh, e assim o fizeram.
Mas, então, na noite de 6 para 7 de agosto, eles foram avisados: dentro de três horas o IS irá chegar a Qaraqosh. Mais uma vez eles tiveram de fugir para salvar a vida. Não preparados desta vez, eles saíram da cidade bem na hora, apenas com a roupa que tinham no corpo e nada mais.
Há lágrimas nos meus olhos quando eu sinto seu desespero. Ela diz; "Se ficarmos, isso irá acontecer de novo e de novo. Eu queria muito ficar no Iraque, é a nossa casa, nós amamos esta terra, mas é demais. Não podemos mais viver assim”.
Sua sogra, então me surpreende dizendo que, apesar de terem sofrido muito, Deus vai dar-lhes a melhor casa que jamais poderiam imaginar no céu. Ela diz: "Ele enxugará as lágrimas de todos e irá nos recompensar por tudo o que perdermos, no céu. Esta será sempre a nossa esperança e fé!”.

Muito emocionada, procurei incentivá-los e deixá-los saber que são amados por pessoas no mundo inteiro. Nós mostramos fotos que tiramos com pessoas das reuniões de oração em Londres e na Holanda. Também mostrei a camiseta '#WeAreN' e disse-lhes que as pessoas usam isso como forma de apoiar os cristãos no Iraque.

Um sorriso ilumina seu rosto e, apesar da dor e da incerteza sobre o seu futuro, ela está maravilhada e agradecida que as pessoas se preocupam com ela e com os cristãos no Iraque.

Dei-lhe uma camiseta como um lembrete de que estamos unidas em Cristo!

Continua amanhã...
*Nome alterado por motivos de segurança.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoLarissa Cajaíba

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