Caminhos no deserto

Em muitas igrejas do Ocidente é bastante comum sair às ruas da cidade aos domingos depois do culto para falar com as pessoas sobre Cristo e distribuir folhetos evangélicos. Essas atividades são completamente impensáveis em outros lugares, especialmente no Egito – o maior país árabe muçulmano do mundo
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Mais especificamente nas cidades do Alto Egito, onde dezenas de igrejas foram queimadas e há relatos de casos de sequestros por resgate e desalojamento de cristãos, fica uma questão: é seguro, sábio e, o mais importante, trará algum fruto o ato de aproximar-se de estranhos nas ruas em um ambiente tão hostil?
Os jovens cristãos envolvidos no ministério evangelístico de algumas igrejas do Alto Egito sabem que foram chamados para anunciar o amor de Cristo neste ambiente difícil. Durante o mês do ramadã (mês sagrado islâmico em que os muçulmanos jejuam do amanhecer até o pôr do sol e, tradicionalmente, quebram o jejum com água e tâmaras), a equipe do ministério teve a ideia de ir para as ruas no momento da quebra do jejum e distribuir tâmaras para as pessoas. A ação foi realizada, mas com um pequeno toque adicional: foram preparados pequenos sacos com tâmaras, uma mensagem de amor e um versículo da Bíblia. A mensagem dizia:
"Caro amigo muçulmano,
Feliz ramadã. Que as bênçãos, graça, bondade e luz do Senhor enriqueçam a sua vida. A Bíblia diz: "Tenham amor sincero uns com os outros, amem uns aos outros intensamente, do fundo do coração".
Seu amigo cristão"
Eles não faziam ideia de como esta mensagem de amor seria recebida; também não conseguiam prever os perigos que poderiam surgir de possíveis destinatários irritados. Eles começaram a distribuir os saquinhos nas ruas com um sorriso. Distribuíram cerca de quatro mil saquinhos.
Os presentes foram muito bem recebidos e causaram uma impressão positiva e impactante. Alguns que foram abordados escreveram sobre a ação nas mídias sociais. O fato deu início a um debate acalorado. Muitos dos destinatários ficaram gratos pelo gesto de amor, mas outros rejeitaram e encararam o acontecido como um esforço óbvio de divulgação cristã. Este ato corajoso de amor trouxe muitas oportunidades para a equipe se envolver nas discussões e explicar o porquê de terem feito o que fizeram. Tiveram uma oportunidade única de expressar claramente o amor que vem do Senhor. Por fim, muitos céticos foram conquistados pelo amor que sentiram emanar dos jovens cristãos.
Esther* faz parte dessa equipe. Ela se uniu ao ministério e recebeu treinamento para fazer evangelismo nas ruas. Começou visitando hospitais e conversando com as pessoas doentes e suas famílias. Ela também ingressou em programas de evangelismo de porta em porta, o que lhe permitiu visitar as casas daqueles tidos como cristãos em aldeias e pequenas cidades.
Esther se lembra de um incidente quando andava por uma rua e o Espírito Santo a guiou para falar com uma garota que estava esperando o ônibus. Esther se aproximou e disse que, mesmo sem a conhecer, Deus lhe havia enviado para falar com ela. A garota olhou espantada e começou a soluçar. Ela compartilhou com Esther que estava passando por um momento muito difícil e começava a duvidar sobre a existência de Deus. Havia acabado de pedir a Jesus para revelar-se a ela. No final da conversa, a garota aceitou a Cristo como seu Salvador com alegria e gratidão.
Na mesma ocasião, outra menina que estava nas proximidades ouviu a conversa e se aproximou. Ela pediu uma Bíblia para que pudesse procurar a verdade de que estava procurando.
O Senhor abre caminhos onde parece não haver nenhum e mostra que está perto de todos aqueles que o buscam. Ore por proteção e ousadia para aqueles que trabalham nesses locais difíceis, para que consigam compartilhar a verdade com aqueles que têm fome e sede dela.
*Nome alterado por motivos de segurança.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoDaniela Cunha

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