O que os cristãos perseguidos têm a dizer sobre o terrorismo?

17 jan 2015INTERNACIONAL

Pouco antes dos irmãos Kouachi desencadearem o tiroteio em um jornal em Paris que matou 12 pessoas e deixou 11 feridas – quatro delas em estado grave– o grupo radical Boko Haram atacou a cidade de Baga, na Nigéria, aterrorizando e assassinando pelo menos 150 pessoas. Saiba como a Igreja Perseguida responde a ataques terroristas como esses
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Ao contrário do acontecido na França, o ataque na Nigéria não teve cobertura ao vivo. Sem repórteres, postagens no Twitter ou mensagens enviadas à polícia. As fotos postadas depois, foram praticamente  ignoradas, especialmente na Nigéria.
Quando 200 meninas foram sequestradas pelo Boko Haram, na cidade de Chibok, as notícias veiculadas ao redor do mundo provocaram, ao menos, uma comoção internacional e um sentimento de solidariedade aos pais. Mesmo assim, as cenas violentas que aconteceram há pouco em Baga, simplesmente não podemos imaginar e, nem queremos.
Afinal, como nós, seguidores de Jesus, lidamos com o terror causado por  muçulmanos extremistas? Durante anos, a Portas Abertas tem servido em áreas onde a intimidação e a violência extrema fazem parte do cotidiano de regiões como Nigéria, África Central, norte do Quênia, Egito, Síria, Iraque, sul das Filipinas, Coreia do Norte, entre outros.  Perguntamos aos lideres cristãos desses locais como reagiram ao ataque de Paris. As respostas foram variadas:
- Gina* mora no sul das Filipinas, onde a Frente Liberal Islâmica frequentemente causa destruição. Seu noivo foi assassinado a tiros. “Deus deve ter levado os muçulmanos para a França para que pudessem ser expostos ao amor de Deus, por intermédio de Jesus Cristo”, afirma.
“Espero que nossos irmãos tenham o coração do Senhor e demonstrem compaixão. Talvez Deus use o terror que aconteceu na França e em outros países europeus para acordar o Corpo de Cristo para orar, amar e alcançar os muçulmanos de todas as maneiras que puder”, finaliza Gina.
- Hea-Woo*, norte-coreana que sobreviveu a um campo de trabalhos forçados em seu país, visitou a França uma vez para compartilhar sua experiência.
“As pessoas de Paris estão em minhas orações. Infelizmente, os ataques terroristas me lembraram das costumeiras ações do governo norte-coreano. Ambos, os terroristas e o regime de Kim Jong-Un, tentam controlar as pessoas através de ameaças e violência. Eu oro para que Deus proteja as pessoas na França e em outros países e que elas possam experimentar a paz e graça de Deus. Eu nunca desisto de honrar o nome de Jesus Cristo em qualquer circunstância. Deus é fiel. Ele nunca falhou comigo. E  por isso  é possível continuar apesar de todas as ameaças!”
- Cristãos da Ásia Central, Sudeste Asiático e outras regiões enviaram mensagens similares:
“Amanhã, em nossa vigília de oração, pediremos aos irmãos para orar pela França. Sentimos muito pelo povo francês. Continuaremos orando por eles.” (líder de uma rede de igrejas domésticas no Sudeste Asiático).

“Devemos responder como Cristo responderia. Como uma nação que sofre com o medo da guerra por mais de 25 anos, nos solidarizamos e nos identificamos com aqueles que perderam seus parentes.” (Mahesh del Mal, diretor de missões da Aliança Evangélica Cristã, no Sri Lanka).
“Com grande tristeza e dor temos acompanhado a violência e morte na França. Oramos pelos familiares das vítimas durante o culto de domingo. Pedimos a Deus para aliviar o sofrimento e a dor da perda.” (pastor Arthur, do Cazaquistão).
Armas do amor
“É essencial lembrar que ninguém nasce terrorista”, afirma com frequência Irmão André, fundador da Portas Abertas Internacional. Ao longo de seu ministério, ele fez amizade com muitos muçulmanos extremistas e os desafiou com a mensagem cristã de amor e perdão. “Ninguém consegue converter um inimigo. Isso é impossível”, fazendo referência de que isso acontece somente por intermédio do Espírito Santo.
A mensagem dele é similar a de um líder de uma igreja nigeriana, após o massacre que tomou conta do estado de Adamawa, há cerca de um ano. Com o resultado de mais de 50 mortes ocasionadas pelo Boko Haram, o líder afirmou: “Só podemos silenciar as armas de ódio, com as armas do amor.”
Aumento da perseguição aos cristãos
Nos últimos três anos, foi possível ver a notável ascensão da perseguição aos cristãos em todo o mundo. Mais do que nunca, uma corrente de informações a respeito do assunto é mostrada nas mídias sociais, na TV e nos celulares. A Igreja Perseguida nunca esteve tão perto.
Então, como devemos responder aos ataques terroristas que têm acontecido? Talvez aprendendo com aqueles que, constantemente, vivem sob ameaças extremas. Uma sobrevivente de um campo de prisioneiros norte coreanos nos ensina a não temer. Um pastor nigeriano responde ao Boko Haram apresentando-lhe armas de amor. Uma cristã que enfrenta a intimidação islâmica no sul das Filipinas admite que é difícil amá-los; mas nos desafia a obedecer a Deus “perdoando-os, abençoando-os, orando por eles e os alcançando para Jesus de todas as maneiras que pudermos”. Você está pronto para agir assim?
*Todos os nomes contidos nesse artigo são pseudônimos para preservar a identidade dos envolvidos.
Por Jan Vermeer, escritor da Portas Abertas Internacional, com relatos dos colaboradores regionais da Portas Abertas Internacional.
FontePortas Abertas Internacional
TraduçãoVera Haddad

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