#FelicidadeQueVemDoAlto: a alegria que o véu não esconde

17 fev 2015IRÃ

Há alguns anos, colaboradores da Portas Abertas visitaram o Irã e trouxeram a sua visão do país: bastante diferente do que costumeiramente é ouvida. Leia o relato a seguir – escrito por um desses visitantes – e descubra porque os iranianos têm uma alegria e um jeito de ser bem parecidos aos dos brasileiros
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“De onde você é?”, pergunta o recepcionista do hotel, “do Brasil?”. Eu respondo que sim. Ele sorri e exclama: “México, 70: Pelé, Jairzino (sem o h), Rivelino, Guersson (Gérson)...” e aí vai, dizendo a escalação da seleção brasileira de futebol na Copa de 1970. Ele aparentava ter de 45 a 50 anos. Era alto e tinha um olhar de pessoa experiente, que não se impressiona com qualquer coisa. Mas, diante de um brasileiro, ele não se conteve e começou a expressar seu gosto pelo futebol. E o fez sem medo. Falou abertamente, sorrindo e contagiando quem estava por perto. Logo começaram a comentar os feitos dos brasileiros no futebol mundial.
Mas, o que sobressaiu não foi a identificação com o futebol. Foram a espontaneidade e a maneira extrovertida de ser.
Esse encontro se deu em um hotel em Teerã, capital do Irã, onde uma equipe da Portas Abertas ficou hospedada por oito dias, com o objetivo de conhecer de perto essa nação.
Quem são os iranianos?
No início dos anos 1990, pelo menos quatro casos de perseguição aos cristãos se notabilizaram. O primeiro é de Mehdi Dibaj, que ficou vendado durante dois anos em uma cela solitária. Outro caso foi o do pastor Haik Hovsepian, ex-superintendente das Assembleias de Deus no Irã e líder do conselho de igrejas protestantes: ele foi assassinado perto de sua casa. Tateos Michaelian (líder presbiteriano que substituiu o pastor Haik na liderança do conselho de igrejas) e Mohammad Bagher Yusefi, ex-muçulmano, também foram assassinados.
Diante dessas histórias, é natural que se queira saber como esta hostilidade se manifesta nos dias de hoje. Será que, ao passar na rua, as pessoas questionariam: “Ei, você é cristão?” E, se a resposta fosse sim, começariam a nos agredir verbal ou fisicamente? Será que todos são forçados a andar com uma placa pendurada, assinalando no que creem, para estimular a discriminação? Será que a mera manifestação da fé gera rivalidade?
Essas questões instigam a nossa curiosidade. E a resposta para todas elas é não.
A maioria da população é muçulmana nominal, mas existem os que anseiam por um islamismo puro, livre da corrupção do Estado. Há também os radicais, mas eles são poucos.
O povo não se parece com as pessoas que vemos na televisão. Não são sisudas e não têm o menor traço de hostilidade. Pelo contrário: são pessoas amistosas, calorosas, extrovertidas, comunicativas, gentis e bonitas. Elas andam pelas ruas com vivacidade, atentas ao que acontece no mundo. São pessoas com forte senso crítico, cientes das intenções do governo e interessadas em mudanças em seu país. Não são pessoas que só falam de religião.
Como vivem os cristãos
Jesus é conhecido no Irã como um “mensageiro de Deus”, mas qualquer alusão à sua divindade, no país onde 90% da população professa o islamismo, é alta blasfêmia. O direito de ser cristão é concedido somente às minorias não-persas, mas, ainda assim, esse é um direito limitado: só pode haver evangelização entre os membros do mesmo grupo étnico. Pode-se trocar de denominação, mas não se pode convidar um muçulmano a crer em Cristo.

Por onde quer que se ande, encontram-se pessoas dispostas a externar a sua insatisfação com o Estado. Elas não veem coerência nos atos do governo, sentem-se exploradas. Essa insatisfação torna a situação mais propícia ao evangelho quando se pensa no contingente jovem do país. Estima-se que 70% dos iranianos tenham menos de 30 anos. Esses quase 50 milhões de jovens têm um potencial incalculável de influenciar o futuro do país e muitos deles estão com o coração aberto a uma fé que não se identifique com o Estado. Você está disposto a orar por eles?
FonteRevista Portas Abertas

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